A falta de apetite ou a “seletividade alimentar” é uma queixa frequente nos consultórios pediátricos. Muitos pais se preocupam quando a criança come pouco, recusa legumes ou só quer os mesmos alimentos. Mas nem todo comportamento alimentar difícil é sinal de problema — em muitos casos, faz parte de uma fase normal do desenvolvimento.
Neste post, você vai entender quais hábitos são comuns na infância, o que pode ser considerado seletividade alimentar e quando vale buscar ajuda especializada.
Comer pouco ou recusar alimentos: comportamento normal?
Nos primeiros anos de vida, é natural que o apetite da criança varie bastante. Isso ocorre por diversos motivos:
- Fases de crescimento mais lento
- Redução do gasto energético
- Maior interesse em explorar o mundo do que sentar para comer
- Formação do paladar (que ainda está em construção)
Além disso, após o primeiro ano, é comum que a criança passe a comer menos do que comia aos 8 ou 9 meses, o que pode assustar quem espera que o apetite só aumente com o tempo.
O que é esperado (e não precisa se preocupar):
- Comer bem em alguns dias e pouco em outros
- Recusar alimentos novos inicialmente
- Preferir brincar do que comer
- Comer com mais interesse na creche ou com outras crianças
- Ter um paladar seletivo, mas em melhora gradual
Esses comportamentos fazem parte do processo de autonomia e descoberta. Com paciência, rotina e exemplos positivos, tendem a melhorar com o tempo.
Quando acende o sinal de alerta?
Algumas situações exigem uma avaliação mais cuidadosa:
- Recusa constante de grupos inteiros de alimentos (ex: nenhuma proteína, nada de frutas ou vegetais)
- Restrição alimentar severa (come apenas 3 ou 4 itens sempre)
- Perda de peso ou estagnação no crescimento
- Choro, angústia ou comportamento agressivo na hora da refeição
- Histórico de engasgos frequentes ou vômitos ao comer
Nesses casos, é importante investigar possíveis causas emocionais, comportamentais ou mesmo condições clínicas, como refluxo, alergias alimentares ou transtornos alimentares infantis.
Como os pais podem ajudar?
Algumas atitudes fazem a diferença no dia a dia e ajudam a criar uma relação mais positiva da criança com a comida:
- Estabeleça horários regulares para as refeições
- Não ofereça brinquedos ou telas durante a alimentação
- Sirva pequenas porções e permita repetir
- Evite pressão ou chantagens (“só ganha sobremesa se comer tudo”)
- Dê o exemplo: crianças aprendem observando
- Ofereça variedade, mesmo que a criança recuse de início — o contato repetido ajuda
O papel do pediatra (e, se necessário, da equipe multiprofissional)
Se houver dúvida sobre o crescimento, comportamento alimentar ou sinais de restrição importante, o acompanhamento com o pediatra é essencial.
Em alguns casos, pode ser indicado envolver uma equipe com nutricionista e psicólogo infantil para orientação mais completa.
Conclusão
Crianças que “comem mal” nem sempre estão doentes ou com algum problema. Em muitas situações, o desafio está mais na paciência e constância dos adultos do que em algo clínico.
Mas, quando há impacto no crescimento ou sofrimento na hora das refeições, vale a pena investigar com carinho, empatia e ajuda profissional. A Dra. Ana Luísa Pacheco está à disposição para avaliar cada caso com atenção individualizada.