A chegada do período chuvoso na região amazônica traz mudanças no clima, no ambiente e, infelizmente, também no padrão de doenças que afetam crianças. Com o aumento da umidade, alagamentos e mudanças na circulação de microrganismos, algumas infecções tornam-se mais frequentes e exigem atenção redobrada das famílias e dos profissionais de saúde.
Neste post, você vai conhecer as doenças mais comuns nessa época do ano, os sintomas que merecem atenção e o que pode ser feito para prevenir complicações.
Por que a estação chuvosa aumenta o risco de doenças?
Na Amazônia, o período de chuvas intensas (geralmente entre dezembro e maio) favorece:
- Acúmulo de água parada (propício à proliferação de insetos)
- Contaminação de rios, igarapés e poços com esgoto
- Aumento da umidade e mofo em ambientes fechados
- Dificuldade de acesso a serviços de saúde em regiões ribeirinhas
Esses fatores elevam o risco de doenças infecciosas e respiratórias, principalmente em crianças pequenas e com imunidade mais sensível.
Quais doenças são mais comuns nesse período?
1. Infecções respiratórias
Com a umidade alta, é comum o aumento de:
- Resfriados e gripes
- Bronquiolite (principalmente em bebês)
- Pneumonia
- Crises de asma e alergias respiratórias (agravadas por mofo)
2. Dengue, zika e chikungunya
A água parada facilita a reprodução do mosquito Aedes aegypti, aumentando os casos dessas arboviroses. A dengue, inclusive, pode se manifestar de forma mais intensa em crianças.
3. Diarreias e gastroenterites
Com enchentes e contaminação da água, há maior risco de:
- Infecções intestinais causadas por vírus, bactérias ou parasitas
- Doenças transmitidas por alimentos mal higienizados
- Desidratação grave em crianças pequenas
4. Hepatite A e outras doenças de veiculação hídrica
A ingestão de água contaminada pode provocar surtos de hepatite A e parasitoses como giardíase e ascaridíase.
Quando é hora de procurar o pediatra?
Durante a estação chuvosa, é fundamental observar sinais como:
- Febre persistente ou alta
- Tosse com dificuldade para respirar
- Vômitos e diarreia com sinais de desidratação
- Letargia ou irritabilidade excessiva
- Manchas na pele, olhos amarelados ou dor abdominal
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor o prognóstico.
O que pode ser feito para prevenir?
- Evitar água não tratada: sempre ferver ou filtrar
- Usar repelentes apropriados para a idade da criança
- Eliminar água parada em baldes, pneus e vasos
- Manter os ambientes bem ventilados e limpos
- Vacinar conforme o calendário, inclusive contra gripe e hepatite A
Conclusão
A estação chuvosa na Amazônia exige cuidados extras com a saúde das crianças. A atenção dos pais, aliada ao acompanhamento pediátrico regular, pode prevenir complicações e garantir um desenvolvimento mais saudável mesmo diante dos desafios climáticos da região.
Para dúvidas ou avaliação, conte com a Dra. Ana Luísa Pacheco — pediatra e infectologista com experiência no cuidado infantil na região amazônica.